Segundo Zygmunt Bauman, no século XX migramos de uma sociedade de produção, para uma sociedade de consumo e essa migração gerou um paradoxo e nos fragmentou. O paradoxo é que a partir das novas formas de comunicação foi possível ampliar a democracia, especialmente com a possibilidade de constituição de redes sociais, locais virtuais com milhares de indivíduos, que conversam diariamente sobre questões pessoais, mas que em geral não se comunicam no mundo real. Esta falta de comunicação “real” gerou a perda das identidades coletivas e abriu espaço para as identidades individuais se sobressaíssem. Bauman cita ainda os talk shows como exemplo desta fragmentação social: colocamos um microfone no confessionário, com isso podemos dizer coisas que não era possível dizer, pois faziam parte de nossa individualidade. O conceito de democracia, que até então conhecíamos, mudou e gerou um divórcio entre poder e política. As causas sociais, as necessidades coletivas passaram a não ter mais importância, já o consumo, a cumulação de bens e o status se potencializaram e o estado, por não conseguir se adequar e atender a esta nova formatação social, perdeu seu papel na sociedade.
Não há dúvida que a ampliação da democracia é algo positivo e que os avanços tecnológicos foram e são fundamentais para o desenvolvimento social. Quanto mais democracia, mais as sociedades totalitárias perderão espaço, basta ver o que ocorre no mundo árabe. Talvez a terceirização das funções do estado seja uma boa saída para sua inevitável ineficiência. Mas que preço se pagará por tudo isto?
Para tentar responder estas questões recorro novamente a Bauman que nos diz: 1º. As redes sociais nos criaram o dilema da benção e da maldição. A benção por termos milhares de amigos em diversas partes do mundo e podermos conversar com eles quando quisermos. A maldição porque a qualquer momento podemos ser deletados. 2º. O que de fato queremos é resolver a equação entre segurança e liberdade. Que passaremos a vida procurando a solução para esta equação e nunca a encontraremos. 3º. Não podemos esquecer que para atingir a felicidade dependemos do destino – coisas que acontecem sem nossa interferência e do nosso caráter – que podemos mudar e melhorar a cada dia.
Depois das divagações acima, concluo com uma pequena reflexão: assim como nenhum ser humano é igual ao outro, também o mundo é único para cada um de nós e para atingirmos a felicidade devemos construir laços humanos verdadeiros, respeitar as demais visões sobre nosso - mesmo mundo, e realizarmos as transformações de nosso caráter baseado na ética e na solidariedade.
Claiton Manfro
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