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domingo, 14 de agosto de 2011

A Cultura pode mudar nossas vidas o filme Tropa de Elite também, mas a Copa do mundo pode mais


As eleições acabaram e vida, aos poucos, voltou à normalidade, se é que podemos chamar de coisa normal, o que está ocorrendo no Rio de Janeiro. Acredito que você, assim como eu, ficou impressionado com a quantidade de traficantes fugindo de uma favela para outra, com a quantidade de maconha encontrada (400 toneladas) e com a quantidade de policiais envolvidos na operação. Também desconfio que você tenha feito as mesmas perguntas que eu quando a história do combate ao banditismo veio à tona: De onde saíram tantos policiais? Por que somente agora o Estado resolveu agir? E, provavelmente, pensou na mesma resposta: isso tem a ver com a copa! Confesso que pensei nisto. Mas, admito também, que aproveitei a situação para “puxar a brasa para meu assado”, ou seja, os aspectos culturais da “coisa toda”. Vocês se deram conta que esta operação policial só ocorreu depois que o filme “Tropa de Elite 3” escancarou a realidade das relações entre polícia, poder público e bandidos nos morros cariocas? Isso mesmo foi preciso fazer três filmes (Tropa de Elite) para que esta vergonha nacional mudasse de rumo. É isso aí, não pude deixar de pensar na Cultura, mais especificamente no cinema, como uma poderosa arma para transformar a vida das pessoas.
Vejam, não defendo a tese da Cultura assistencialista ou panfletária, ou seja, que o processo cultural só tem sentido se tiver um fundo de mudança social ou que a Cultura deve estar a serviço do Estado. Ao contrário, creio na Cultura como algo inerente ao ser humano, que todos temos potenciais culturais, (em geral inexplorados) e que a função, tanto do Estado, quanto da iniciativa privada deve ser o de criar mecanismos e instrumentos institucionais para que estas potencialidades possam emergir. Em outras palavras: a criação de atividades para formação cultural, especialmente em comunidades carentes, como nos morros do Rio de Janeiro ou nos bairros mais humildes de nossa cidade é fundamental. A implantação de programas de Descentralização da Cultura cumpre um papel crucial para redução da drogadição e da criminalidade nas comunidades mais carentes, mas o Estado deve tomar cuidado com a formatação destes programas, sob pena de inverter seu sentido. Vejamos alguns erros que podem levar a isto:
Primeiro – pensar que a criação de atividades formativas e a realização de eventos nas comunidades é algo pouco importante diante de outras necessidades como saúde e segurança. Cultura deve ser visto como direito social;
Segundo – Acreditar que realizar atividades culturais nas comunidades, é levar Cultura para quem não tem. Na verdade a produção cultural nos bairros e vilas carentes é tão rica, quanto em outras regiões da cidade, o Estado deve garantir a estrutura para manifestação destas Culturas mais distantes do centro.
Terceiro – Usar o discurso que a Cultura é importante para tirarmos os jovens das ruas. Penso que o que vai garantir a presença de alguém em uma atividade é a qualidade desta atividade, ou seja, se a oficina de música for de péssima qualidade não seduzirá ninguém. Em geral os argumentos panfletários do tipo: enquanto vocês estiverem conosco, estarão seguros, não convence ninguém, a coisa é mais simples, se a proposta do Estado for boa terá reflexo positivo na sociedade, se não, não.
O Filme “Tropa de Elite” colocou o Estado na rua - próximo da comunidade, deixou claro que um bom produto cultural pode transformar a realidade de uma sociedade e fez isso com financiamento da iniciativa privada e do próprio Estado. A equação é simples: mais investimento em Cultura significa melhorar a vida de todo mundo.

Claiton Manfro

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