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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Leia com os olhos fechados


Leia com os olhos fechados

O vento era suave e constante, as folhas do cinamomo caíam lentamente, a fumaça que saia da água do chimarrão embaçava a visão da várzea, mal dava pra enxergar o açude e o gado que descansava do pastar.

Perto do poço, na frente do galpão, um cachorro dormia sossegado e as galinhas, na eterna rotina de procurar minhocas, cacarejavam displicentemente. Era hora da cesta, todos e quase tudo dormia, mas eu, acordado, registrava tudo com um olhar bucólico e saudoso.

Nem os anus, que pousavam nas bananeiras, faziam barulho.

Tirei as alpargatas e resolvi caminhar pelo cenário, fiz a volta na casa, passei pelo galinheiro, o chiqueiro e parei ao lado do cata-vento, no lugar mais alto do pátio. Sentei em um velho tronco de figueira, o cheiro que vinha do campo me distraia tanto, que nem sentia mais as rosetas nos pés. Fiquei ali por um longo tempo, observando as formigas, as cigarras e as pequenas preás que atravessavam o terreno apressadamente.   

Mais tarde, depois de disputar as minhocas com as galinhas e organizar a pescaria, fui para mesa do café. O pão fresquinho e a chimia de abóbora, acompanhados do café com leite, dava sustância para longa noite na beira do açude.

Não precisava pegar peixe, queria mesmo era pescar estrelas e silêncios. 

Sentando naquela taipa ouvindo o ronco dos sapos, o zunido dos mosquitos e o ruminar das vacas, também ruminei pensamentos.

Pensei que a lua é a irmã mais velha dos pesqueiros e pescadores / que os lambaris não crescem para dar ar de criancice às águas doces / que todas as águas são doces, até as do mar / que o pão de casa e a chimia feita por mãos maternas, ganha grau de importância quando degustadas perto das mães / que no fundo os picumãs são farelos que os anjos deixam espalhados na cozinha / que o esterco do gado guarda mesmo o perfume das reminiscências – das lembranças imortais e que a vida, não passam dum pescar.

Dica
Vá pescar e me convide.

Claiton Manfro

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