Lembram que eu disse que falaria mais sobre o poeta e artista plástico Jorge Ribeiro, o Guru? Pois resolvi fazer isso hoje e enquanto eu pensava sobre o que escrever, lembrei de como esquecemos fácil de coisas e pessoas que deveríamos conhecer, reconhecer e lembrar sempre. Existe uma tendência de valorizarmos coisas e pessoas de fora de nossa cidade – como se tudo de fora fosse melhor. Não sei o que é pior: não conhecermos o que temos em nossa volta ou conhecermos e não darmos valor.
Já escrevi isso, mas vou falar de novo: penso que valorizar as nossas coisas é um bom começo para construirmos nossa identidade. Isso não tem nada a ver com gosto, tem a ver com território, construção coletiva, pertencimento e até orgulho (num bom sentido). Imaginem se Mozart morasse em Cachoeirinha. Não teríamos orgulho disso? Não usaríamos isso como referência? Talvez até promovêssemos eventos específicos de música erudita e talvez ainda, com lotação esgotada. Mesmo sabendo que 80% da população de nossa cidade preferem outro estilo de música. É uma questão de identificação e identidade, todos têm esta necessidade. Então, porque não começamos a construir isso?
Tenho o maior orgulho em dizer: eu moro na cidade do artista plástico Cony conheço sua obra e sei onde ele mora, fica ali, em uma transversal da Princesa Isabel. Eu moro na mesma cidade do Seu Sartori, outro artista plástico fantástico que mora ali atrás da loja Lebes. Também moro na mesma cidade do Telmo de Lima Freitas, este pilar da música gaúcha que reside ali no Bairro Betânia. Se você ainda não os conhece, está perdendo uma grande oportunidade de enriquecer sua alma. Mesmo que você não goste de telas – desenhos e pinturas, mesmo que você não seja chegado em música nativa, vá visitá-los, você encontrará uma estranha sensação, um sentimento de reencontro.
Infelizmente não é mais possível conversar com o Jorge-Guru, mas você pode dialogar com sua obra, com seus poemas e gravuras. Tenho certeza que fazendo isso você descobrirá coisas escondidas dentro de sua casa-cidade e alma.
“Olha” pra isso que o Jorge escreveu
Serei o que nunca fui.
Serei este homem que virou eterno na
luz da noite/
Vê fantasma/
Vê espírito mal/
Vê demônios
que faz de mim um transeunte nesta
vida/
Sou apenas um transeunte/
- Muito prazer em conhecê-lo/
- Qual é a sua loucura?
Dica
Tente conhecer um artista da tua cidade, depois me avise como foi.
Claiton Manfro
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